Por: Mahaila Diluzz
Quando nos movimentamos, fazendo e refazendo o mesmo caminho corporal,
repetido há milhares de séculos por nossas ancestrais, será que é só a
forma física que dança?
Pense bem, o que somos? Um conjunto de células,
órgãos, moléculas... Sensações, sentimentos, pensamentos...
Então,
quando nosso corpo redesenha as formas de uma geometria ancestral, temos
sensações, lembranças, sentimentos...
É incrível como a Racks El Shark
(dança do leste), mais conhecida como dança do ventre, consegue soltar,
desmembrar, desmanchar para esculpir novamente os corpos que nos formam.
Costumo dizer que a dança do leste é uma terapia que começa a partir do
corpo. Sem o uso da fala, a estrutura dos movimentos vai imprimindo uma
nova dimensão na vida de quem dança. Para muitas pessoas, este processo
silencioso através do corpo causa estranhamento. Percebemos as mudanças
ocorrendo internamente, modificando nossa frequência vibracional, o que
provoca transformações na nossa maneira de agir, pensar e sentir o
mundo. Silenciosamente, à medida que nosso corpo se solta, se desprende
de um padrão antigo, as nossas couraças vão aparecendo, resistentes em
nos abandonar. Quando temos esta percepção, temos também uma escolha a
fazer: continuar a nos oportunizar uma redescoberta, ou ficarmos
paralisadas, sem seguir adiante. Estes são momentos que se repetirão
inúmeras vezes, dentro do processo de quem dança a dança do leste. Cada
bloqueio existente no corpo emocional que encontra o seu correspondente
no corpo físico, desencadeará uma crise, um caos, uma barreira a ser
vencida. Mas por que isto ocorre? Creio que uma das razões deva-se ao
fato de utilizarmos na geometria dos movimentos uma linguagem ancestral
ditada pelas formas, ritualisticamente, desenhadas por nosso corpo
através da dança - desde a postura, que exige a abertura da caixa
torácica, a expansão ou alongamento do chakra solar (altura do estômago)
e o encaixe do quadril, que traz de volta para a bacia, sua primordial
função de acomodar os órgãos internos. Ora, adotando-se esta postura, um
corpo que antes passava a ideia de um Ser contido, agora nos parecerá
uma pessoa autoconfiante, aberta para o mundo. Tomada esta postura
inicial, damos início à re-apropriação de nosso corpo, aprendendo a
isolar os movimentos de cada um dos membros. Isto fará com que cada
estrutura física que abriga um dos chakras principais desenvolva sua
função.
Aprendendo a isolar os membros inferiores (movimentos de pés,
pernas, joelhos, coxas, glúteos e pélvis), dos membros superiores
(abdome, peito, braços, mãos, pescoço e cabeça), estaremos gerando
energia, o que fará com que os chakras correspondentes respondam a este
estímulo.
A geometria implícita - Mas, então, qualquer movimento ou
dança podem fazer isto? Este é o fundamento de diversas terapias
energéticas e corporais. Porém, estamos falando da Racks El Shark. Nela,
há um detalhe que faz toda a diferença: "as formas desenhadas." Aqui
entra o que alguns denominam de Geometria Sagrada, presente em tudo o
que tem vida no universo. Esta geometria, que é a linguagem ancestral
para a compreensão da natureza, está implícita na dança do ventre. Nossa
compreensão primária sobre o mundo físico está nas formas. Nossos
ancestrais desenhavam formas geométricas nas paredes das cavernas,
procurando reproduzir o mundo em que viviam. Não compreendiam a
matemática, mas sabiam que a lua era um círculo, e assim a representavam
em suas esculturas rupestres. Assim sendo, os movimentos da dança não
são só técnicos, pois partem do inconsciente para o
consciente. Ritualisticamente, desenhamos círculos, movimento
marcadamente feminino, de natureza Yin, introspectiva, uterina.
Desenhamos retas formando triângulos sobrepostos e quadrados, movimentos
Yang, fortes, e que demonstram segurança, dinamismo e poder.
Ritualisticamente também, desenhamos ondulações em oito, símbolo do
infinito, presente nas formas microscópicas e que lembram as elipses dos
átomos de energia - movimento que trabalha a nossa dualidade, os
opostos, unindo nosso lado sombra a nosso lado luz. Quando o culto à
fertilidade teve início, nos primórdios do período neolítico,
provavelmente os povos desconheciam esta ciência, oculta na matemática
das formas geométricas. Porém, a prática da dança, aliada ao culto à
Deusa-Mãe, fez emergir a sabedoria embutida em seus ritos. E assim,
atravessando o tempo, repetimos os mesmos movimentos que fazem surgir
das profundezas, qual lótus em meio à lama, a luz mais plena de nossas
almas femininas.
Mahaila DiluzzBailarina, coreógrafa e professora de Dança do Ventre e World Dance -Tribal mahailadiluzz@hotmail.com Porto Alegre/RS
Fonte: http://mahailadiluzz.blogspot.com.br/2008/10/dana-terapia-sem-fala.html
sexta-feira, 27 de setembro de 2013
Um pouco sobre Jamila Salimpour
Jamila Salimpour é uma das pioneiras da dança do ventre na América. Ela nada mais é do que a criadora do estilo tribal de dança do ventre e foi uma figura influente no mundo bellydancer por 50 anos! Sua forma de ensino e de desenvolvimento dos movimentos de dança ainda é utilizada em todo o mundo.
Nascida em 1926 em Nova York, de família siciliana, começou sua carreira como dançarina em 1942, trabalhando no grupo Ringling Brothers Circus. Neste grupo, ela desempenhou o papel de acrobata e dançarina, passando a compor em seu show elementos da dança oriental, influenciada por um filme de Tahia Carioca, o que para a audiência era como a verdadeira dança do ventre. Esta fusão de elementos orientais e o circo deu origem ao American Tribal Style (o que seria o estilo tribal que conhecemos), o qual ela começou a ensinar na década de 60, em Berkley. Em 1968, ela criou o grupo Bal Anat (Dança da Deusa Mãe), se apresentando no festival Renaissance Pleasure Faire, mostrando ao mundo uma forma diferente da tradicional dança do ventre de então, com grupos coreografados, compondo uma atmosfera mística, usando cobras, espadas, tatuagens, todo tipo de adereços: era a dança do ventre performática (American Cabaret), da qual Jamila era uma das precursoras.
Após esse festival, seu nome só cresceu, se tornando uma referência para a dança do ventre americana. Sua família passou também a se dedicar à dança do ventre: sua filha, Suhaila Salimpour começou a dançar aos 3 anos de idade, e hoje é uma dançarina renomada, e sua neta Isabella parece percorrer o mesmo caminho. Jamila, já com 83 anos, não mais se apresenta em shows, mas oferece workshops e aulas de American Tribal Style na escola de sua filha, permanecendo como um ícone da dança do ventre em todo o mundo.
Nascida em 1926 em Nova York, de família siciliana, começou sua carreira como dançarina em 1942, trabalhando no grupo Ringling Brothers Circus. Neste grupo, ela desempenhou o papel de acrobata e dançarina, passando a compor em seu show elementos da dança oriental, influenciada por um filme de Tahia Carioca, o que para a audiência era como a verdadeira dança do ventre. Esta fusão de elementos orientais e o circo deu origem ao American Tribal Style (o que seria o estilo tribal que conhecemos), o qual ela começou a ensinar na década de 60, em Berkley. Em 1968, ela criou o grupo Bal Anat (Dança da Deusa Mãe), se apresentando no festival Renaissance Pleasure Faire, mostrando ao mundo uma forma diferente da tradicional dança do ventre de então, com grupos coreografados, compondo uma atmosfera mística, usando cobras, espadas, tatuagens, todo tipo de adereços: era a dança do ventre performática (American Cabaret), da qual Jamila era uma das precursoras.
Após esse festival, seu nome só cresceu, se tornando uma referência para a dança do ventre americana. Sua família passou também a se dedicar à dança do ventre: sua filha, Suhaila Salimpour começou a dançar aos 3 anos de idade, e hoje é uma dançarina renomada, e sua neta Isabella parece percorrer o mesmo caminho. Jamila, já com 83 anos, não mais se apresenta em shows, mas oferece workshops e aulas de American Tribal Style na escola de sua filha, permanecendo como um ícone da dança do ventre em todo o mundo.
terça-feira, 24 de setembro de 2013
"HISTÓRIA E FUNDAMENTOS ESTÉTICOS DO TRIBAL FUSION BELLYDANCE "

É na ritualística tribal feminina dos povos orientais que na verdade se encontra o ponto de partida para se pensar os fundamentos estéticos do Tribal Fusion Bellydance. Até aí para nós tribalistas nenhuma novidade! Contudo, essa obviedade teórica a qual é sempre mencionada e discursada por nós (bailarinas) àqueles que não conhecem o tribal, pode soar como um código interno intangível dada sua riqueza de fatos, nomes, datas, movimentos e estilos, portanto, cabe sempre chamar a digna atenção para tradição dessa arte que não sendo milenar chama-nos ao berço das manifestações grupais étnicas. E também que para os que se estão iniciando nos estudos tribalísticos e procuram saber de seus fundamentos achem sempre as informações sobre os antepassados dessa dança tão curiosamente envolvente e instigante, é que cumprimos o ofício ético de cada uma, de repassar o saber a quem quer conhecer, por que imergir na sua História e saber-lhe a verdade, dançá-la é dá-se à compreensão.






Parte deste texto pode ser vista no vídeo: O que é Tribal Fusion - Realizado para o Interdepartamental do NUCFIRE - Faculdade Frassinetti do Recife.
Retirado de:
http://aquariustribalfusion.blogspot.com.br/2009/08/historia-e-fundamentos-esteticos-do.html
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