sexta-feira, 18 de maio de 2012

Dança Folclórica, parte 6 - Gawazze



Também postarei aqui um texto sobre Gawazze. Os créditos são os mesmos do post anterior!!





"As ghawazee são as dançarinas públicas existentes no Egito. Hoje em dia se usa o termo ghawazee pra qualquer dançarina que se apresente em eventos ao ar livre, como casamentos de pessoas simples ou festivais religiosos. Durante algum tempo, mesmo no ápice do período islãmico clássico, de 800 ac até 1300 ac, o termo ghawazee, que pode ser traduzido como " invasores do coração", provavelmente se referia as dançarinas livres que se apresentavam publicamente e aos cantores pertencentes ao Nawar (descendentes dos ciganos Romanis que teriam migrado para o sul do Egito), na área rural durante a Idade Média. Instrumentos musicais antigos como Mijwiz (espécie de flauta) e o Rebab ou Rabeb (espécie de violino), -representados nas paredes de tumbas egípcias, são ainda hoje utililizados pelos músicos Nawar. Os movimentos das ghawazee, assim como sua música tradicional, não parecem ter se modificado com o tempo. É como se pouco ou nada tivesse sido tocado pela modernidade.



Nos últimos 20 anos, uma família de músicos e dançarinas do sul do Egito se tornou famosa. As Banaat Maazin, ou literalmente "filhas de Maazin", têm sido dançarinas por gerações e são muito conhecidas por seu estilo peculiar. Elas aprenderam a dança por suas mães e avós. O patriarca, Yusef Maazin, morreu há muitos anos atrás, e agora apenas Khairecya, a mais nova das filhas de Maazin, ainda se apresenta. Suas irmãs e primas se casaram (o que geralmente encerra a carreira de uma dançarina) ou se aposentaram por outra série de razões, incluindo a falta de trabalho em função da pressão exercida pelo ressurgimento dos grupos fundamentalistas muçulmanos. Como Yusef não tinha filhos para se tornarem músicos ou gerenciarem as dançarinas perpetuando os negócios da família, é possível que a tradição oral deste estilo de dança também pode desaparecer porque as filhas se recusam a aceitar que suas crianças cresçam na mesma profissão familiar.

Em sua forma típica de dança folclórica Egípcia, a seqüência ghawazee não é coreografada, em lugar disso, as dançarinas usualmente tocam snujs e os músicos seguem um programa musical familiar que não tem uma estrutura fixa, com configurações típicas de dança, intercaladas com esquemas de entretenimento, como por exemplo ter um Rabeb colocado sobre o peito da bailarina enquanto está sendo tocado. As dançarinas freqüentemente imitam as danças tradicionais masculinas, como o tahteeb (origem do said feminino), danças de luta ou mesmo a dança dos cavalos, brincando durante sua dança com um bastão ou bengala. 
Em casamentos e festivais, as ghawazee muitas vezes dançam em grupo, formado por pessoas da sua própria família. Quando existe a possibilidade, dançam sobre pequenos palcos e até mesmo nas mesas. As vezes se revezam dançando sózinhas ou em pares, ou em pequenos grupos que se modificam em sua formação durante o decorrer da dança. Apesar da dança ser ao vivo, os movimentos são muito relaxados e ambos, músicos e dançarinas, se mesclam muito bem. As apresentações em casamentos podem durar de seis a oito horas, e os artistas descansam muito pouco durante todo o tempo.

Tenho sido uma estudante de dança oriental desde 1988, estudei dança tradicional do oriente Médio e também danças folclóricas do norte da África com inúmeros professores conhecidos nacionalmente por terem viajado para o Egito e visto as danças em sua forma autêntica em casamentos ou festivais religiosos - como o mawalid - Estes instrutores incluem, Barbara Siegel (Habiba), Sandra Shore (Cassandra) e Zahara Zuhair. Sou também muito sortuda por ter tido a oportunidade de ter visto a dança ao vivo. Numa viagem a Turquia e Egito em 1996, enquanto estava em Luxor, eu assisti a uma aula de dança seguida de uma apresentação com Khairecya Maazin.

Khairecya contratou um grupo de 4 músicos para aquele dia, tivemos dois percussionistas tocando tabla e tabla baladi, e dois rebabs. Provavelmente o melhor exemplo de música do interior do alto Egito é disponível em fita cassete e cd, pelo famoso músico saidi Metqal Kanawe e sua banda. Instrumentos típicos da região incluem o que conhecemos pelo nome de derbak, Tabl baladi ou Tabel, mizmar, snujs e Rebab. Ela acompanhava os músicos enquanto dançava com seus snujs, tocando acentos simples, ou triplos, e combinações múltiplas em qualquer seqüência que ela quisesse. Entre as ghawazee os snujs são tocados improvisadamente, para dar base as frases de ritmo,muito raramente são utilizados para iluminar ou tornar mais claros a melodia. Snujs são instrumentos de percussão, geralmente utilizados para auto acompanhar a própria bailarina e nunca deveriam ser usados por propósitos visuais. Ghawazee que não é fluente com o instrumento simplesmente não o utiliza!

Khaireeya não ensinava os passos quebrando em pedaços didaticamente como as professoras ocidentais, mas simplesmente ia através deles com a música. Pela maior parte do tempo ela costumava manter o shimmie vibrando, parada ou em movimento enquanto sobrepunha os mesmos a um outro movimento de quadril. Ocasionalmente adicionava outros passos como shimmies com os ombros, ou deslizamentos de cabeça ou até mesmo pisava o chão para enfatizar os acentos da música.

Khaireeya freqüentemente trocava seus passos meio largos para seguir mudanças no ritmo, e parecia confusa quanto solicitada a repetir os mesmos. Assim como suas colegas, não existia para ela o conceito de coreografia - ela apenas dança. Isto é muito típico de outras ghawazee e esta característica oferece um vívido contraste com as dançarinas profissionais e professores no Cairo, muitos dos quais possuem um conhecimento em dança clássica. A maioria destes profissionais, como Mahmoud Reda (fundador e diretor do Grupo Reda no Cairo) e Daulet Ibrahim (no passado membro do grupo folclórico nacional do Egito e coreógrafa da bailarina Nagwa Fouad). Esses nomes acabaram se tornando famosos no Ocidente como instrutores em workshops, assim como responsáveis pela preparação e direção das estrelas em ascensão, que se apresentam nos hotéis cinco estrelas e night clubs do Cairo, Alexandria, Casablanca e Tanger. Apesar destes professores serem fluentes e muito bem formados no estilo regional e folclórico da dança, eles criaram shows com uma abertura inusitada para a modernidade, talvez em função de ter um público mais sofisticado, acabaram por oferecer uma abordagem mais elaborada, e porque não dizer ocidentalizada em suas criações.

Historicamente, apesar de muitas ghawazee serem famosas e muito solicitadas como artistas, sua raiz cigana era e continuou a ser um motivo para deixá-las à margem da sociedade. Isto se deve aparentemente por duas razões. Em muitas áreas do Oriente Médio, incluindo o Egito, o caráter moral das dançarinas e músicos que se apresentam publicamente para platéias mistas de homens e mulheres, é altamente suspeita. Muitas das dançarinas eram e ainda podemos encontrar hoje outras que são, prostitutas, e, em diversas épocas a palavra ghazeeya foi usada como sinônimo com a palavra "prostituta" no Egito. No século dezesseis durante o reinado Otomano, dançarinas eram categorizadas junto aos grêmios e grupos comerciais de cortesãs para propósitos de taxação de impostos. Também por serem ciganos eram vistos como estrangeiros ou forasteiros na comunidade em que viviam, e portanto insatisfatórios para fazer parte do dia a dia da comunidade. Isto é ilustrado claramente por um sério insulto, que pode ser escutado até hoje na parte sulista do Egito, " yabn al-ghazeeya" literalmente traduzindo "filho da ghazeeya". Isto acaba contribuindo para o isolamento cultural e a resultante natureza estática da sociedade Nawar, a qual isola suas tradições- incluindo as apresentações, e o estilo ghawazee, das modernas e ocidentais influências, e ajuda a preservá-las.

O artigo de vestuário conhecido como casaco ghawazee, é talvez o mais famoso traje usado por artistas de rua no Egito, graças a artistas europeus como Gerome. Derivado de um traje que é no final das contas, persa em sua origem, este casaco ou colete, teria sido introduzido na parte norte ou baixo Egito com a expansão do Império Otomano no século XVI. Outrossim, a maioria das descrições do casaco ghawazee, mostrando o mesmo enrolado ou cortado logo abaixo do busto, são do século XVIII ou depois desta época, o que permitiu pintores ocidentais ter sua própria versão deste traje, eternizado em telas que contavam as impressões sobre esta parte do mundo. Enquanto ensinava, Khaireeya usava um vestido de corte similar ao que é chamado de "l'ancient tunic" por antrolologistas, muitas vezes referido como vestido baladi por dançarinas. O colete e a saia usada para apresentações, favorecida pelas ghawazee durante a maior parte do século XX (o qual evoluiu do colete turco do séc. XVIII e foi supostamente criado por ancestrais de Banaat Maazin) foi substituído por vestidos com bordados e franjas e cintos similares aos usados como trajes folclóricos no placo, e hoje em dia utilizados por bailarinas profissionais no Cairo. Por outro lado, os mesmos trajes hoje usados no Cairo derivam dos vestidos folclóricos cobertos por fileiras e fileiras de franjas de canutilho e contas, que as ghawazee criaram para os shows turísticos nos anos cinquenta.

Por último, seria bom enfatizar o quanto este estilo de dança tem se perdido. A contínua ameaça de violência em festas de casamento por fundamentalistas religiosos tem destruído a tradição de contratar dançarinas para as cerimônias de bodas em algumas áreas do Egito. Em algumas ocasiões, as casas das famílias que contrataram uma bailarina, foram literalmente postas abaixo por grupos enfurecidos. Consequentemente, autoridades locais permitem a dança de forma legalizada mediante uma concessão, entretanto, o que ocorre é que para ter a autorização oficial, os requerimentos e impostos pagos são altamente proibitivos! Nesta atmosfera, a genuína dança das ghawazee pode desaparecer completamente, e apenas aquelas que tenham se esforçado para aprender delas e reproduzir de forma verdadeira aquilo que viram, poderão manter este estilo vivo em algum outro lugar.

Para aquelas que desejam recriar uma forma tradicional de dança como a dança de Banaat Maazin, tome muito cuidado para manter a precisão tanto quanto for possível. Em troca, seu cuidado servirá para prolongar a existência dessa forma histórica de dança, e mantê-las etnicamente e tecnicamente distintas do gênero conecido como forma geral pelo nome de dança oriental". 


Escrito por Leyla bint ish-Shamaal e extraído do site de Lulu Sabongi.

Dança Folclórica parte 5, Hagalla




O texto a seguir foi extraído do http://biancaegama.multiply.com/journal/item/4/Um_pouco_sobre_a_Hagalla , que por sua vez extraiu do site da LULU SABONGI. Como eu não sei que site é esse, prefiro dar os créditos desta forma. Então, vamos ao texto:


Hagalla é uma forma de dança que foi pesquisada por Mahmud Reda por volta de 1966, na região conhecida como Marsa Matruh no Egito. Entretanto, além de Marsa Matruh, essa forma de dança também é encontrada no oásis de Siwa e ao leste da Líbia.
Sempre acompanhado por alguns dançarinos de seu grupo, essas viagens de pesquisa de Reda tinham por objetivo conhecer a dança em sua origem ou raiz, para poder posteriormente, recriá-la no palco com a peculiaridade que permitiria a um expectador, proveniente da mesma região, reconhecer a sua terra e os elementos genuínos trazidos ao palco.
Ele considerava que o contato direto com as pessoas no processo de documentação e pesquisa, compartilhando sua arte e as reações advindas da interação, sempre trariam novas perspectivas ao processo de criação e portanto era muito valioso.
Enquanto permaneciam numa certa região, eles experimentavam os movimentos e tomavam parte nos eventos que aconteciam, sempre que possível. Isto porque as danças nativas do Egito não são ensinadas formalmente, pois as pessoas aprendem a dançar simplesmente através da observação e imitação. Assim, o processo de aprendizagem nasceu da participação dos membros do grupo, dentro dos eventos, e enquanto participantes, através da imitação, mais tarde sendo traduzidos em anotações os detalhes mais importantes, que não poderiam ser esquecidos. Então, para mais tarde usar os movimentos vistos nestes eventos, Farida Fahmy teve que aprender através da imitação e participação, para posteriormente, decodificar os principais movimentos, com o objetivo de ensinar as outras bailarinas do grupo o básico da Hagalla.
Quando não era possível para todos os integrantes do grupo assistir as celebrações limitadas por costumes locais como nas áreas rurais, as mulheres do grupo iam sozinhas para as casas e assistiam as comemorações. Em outras ocasiões o grupo visitava a escola local e conversava com as crianças. Pediam as meninas que trouxessem os trajes de suas mães, assistiam as pequenas dançando, e naturalmente, elas dançavam como suas genitoras.
Na Hagalla há um aspecto competitivo onde diferentes grupos batem palmas chamando a solista, e aquele grupo mais forte ou carismático ganha a presença da solista perto dele. Essas palmas sofrem flutuações de dinâmica e velocidade, o que pode alterar a construção da dança. Uma mulher ou uma dupla de mulheres, dançam movidas pelas palmas de grupos de homens, que competem entre si para ganhar a atenção das mesmas.
A Hagalla geralmente acontece para celebrar casamentos ou as vésperas de um enlace, ou também são é apresentada em festas para honrar visitantes ou selar um compromisso.O passo típico desta dança é o "shimmie" conhecido pelo mesmo nome Hagalla, uma versão maior e mais relaxada do movimento em L dos quadris.A música é praticamente improvisada, baseada na voz dos participantes e nas palmas que acompanham todo o tempo a performance, entretanto, mais tarde criaram-se versões especiais para que esta dança pudesse ser apresentada no palco.
A música é praticamente improvisada, baseada na voz dos participantes e nas palmas que acompanham todo o tempo a performance, entretanto, mais tarde criaram-se versões especiais para que esta dança pudesse ser apresentada no palco.A música é praticamente improvisada, baseada na voz dos participantes e nas palmas que acompanham todo o tempo a performance, entretanto, mais tarde criaram-se versões especiais para que esta dança pudesse ser apresentada no palco.

*As informações contidas neste texto provêm do livro escrito por Farida Fahmy em seu trabalho de conclusão de curso para Mestrado em Artes e Dança da Universidade da Califórnia.Sua tese teve por objeto de estudo a formação do Grupo Reda, seus caminhos estéticos e formas de pesquisa, dentro de um aspecto inovador e perene, que transformaria seu criador, Mahmoud Reda no pai do folclore Egípcio.

Extraído do site de Lulu Sabongi.


Vamos entender melhor? eu prefiro vendo! e vc?? rss

 

domingo, 6 de maio de 2012

Dança Folclórica, parte 4 - DABKE

Olá habibas!!
O resumo de hoje é sobre o Dabke.



 O Dabke é uma dança folclórica tradicional, executada por homens e mulheres, em círculo, meia lua ou linha reta, de mãos dadas e com forte marcações com os pés. Sua execução é bem simples e feita em 04 passos. Não é feito movimento com o quadril, apenas com os pés. O quarto passo é marcado com "pisada" no chão. O ritmo é o SAID ou MALFUF, bem alegre e acompanhada de um derbake e também da flauta MIJWIZ que é essa aqui do vídeo:



É possível encontrar no Youtube essa dança com o tal do "estilo brasileiro", com dançarina e roupas clássicas de dv. Isso na minha opinião é pura falta de respeito com a cultura árabe e libanesa. Quer dançar com shimies e camelos, então dance uma música apropriada e não coloque o nome de DABKE.

Segue o exemplo de um vídeo de DABKE LIBANÊS:


Então, não passe vergonha. Não lembra do passo? Dê uma passadinha aqui no Blog da Christiny  para refrescar a memória e dançaaaar até dizer chega.
Até a próxima!


fontes:
http://www.centraldancadoventre.com.br/dancas-folcloricas/

terça-feira, 1 de maio de 2012

Dança Folclórica, parte 3 - Dança com bengala/bastão (SAID)



Parafraseando sobre o assunto, a dança com bastão ou bengala também é conhecida como RAKS AL ASSAYA ou mesmo Saidi/Said/Saidee. Sabe-se que a primeira dançarina a se apresentar com bengala é Fifi Abdo. É uma dança graciosa e alegre, com movimentos delicados, onde a dançarina demonstra sua habilidade com o bastão/bengala girando-o de várias formas. É realizado com saltinhos e um gingado específico com os ombros. O uso da galabia é o que não pode faltar, mesmo que não seja utilizado o bastão ou a bengala. É dançada no ritmo SAID, mas também pode ser dançada nos ritmos BALADI e MAQSOUM.

"Acompanha instrumentos de percussão (tabla, derbake ou dumbek), rababa (violino) e o mizmar (flauta). Aparece em músicas modernas, clássicas, solos de derbake ou folclóricas. Na dança da bengala ou do bastão, a bailarina precisa usar um vestido que cubra o corpo ou túnicas, conhecidas como galabias, retomando um pouco da origem da dança".**


Vejamos uns vídeos =D :






fontes:
http://www.centraldancadoventre.com.br/dancas-folcloricas/48-danca-da-bengala-bastao
**http://cadernosdedanca.wordpress.com